quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

b f

bought a boat                      that brought me a
                                                   bout
that follow the
feeling and
                  let it
                            f
                     l
      o
                                         w

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

a verdade é que nada importa de verdade

é quase sexta de novo, e eu tô quase uma semana sem aula por causa de chuva(s). é quase fim do mês, e daí já é quase fim do ano. a única coisa que começa agora é o álbum que acabei de colocar pra tocar, mas a primeira música já se acaba também. tudo acaba, o tempo todo. a única coisa que não acaba, não por enquanto é a vida, e o tempo pra outras coisas começarem, e, logicamente, acabarem.

dois zero um cinco tá acabando e eu tô aqui, fazendo aquelas reflexões de fim de ano e vendo que nada importa. não muito, pelo menos. se eu morresse agora, eu iria me matar novamente, por nunca ter feito nada por conta nessa vida, curta vida que eu tive. mas nada importa muito agora.

eu coloco isso na minha cabeça quando me importo, porque, sinceramente, eu cansei de me importar. cansei de ser cobrada por um título que eu fui amaldiçoada a ter por um simples acaso. cansei das pessoas, das falas de sempre, e cansei de concordar pra evitar discussões maiores. mas cansei também de discussões e cansei de muita coisa. cansei porque nada mais importa.

quero logo que tudo acabe, pra tudo importar de forma que não afete o agora.

é quase sexta de novo, é quase fim do mês, e daí já é quase fim do ano. a única coisa que não acaba agora é o álbum que acabei de colocar pra tocar, porque ele é grande pra caralho, mas tudo acaba, o tempo todo, e logo a vida tá acabando e eu não fiz nada não.

mas isso não importa.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

sexta 13

Era sexta, era manhã. Acordou, correu, bebeu café. Sentou. E viveu.
Essa era a rotina de Raiane.
Ela sabia que podia fazer algo bem legal com a porcaria da vida dela. Mas achava melhor não. A dor, o medo, o desconforto não valem a variedade. Melhor chorar enquanto escuta algo e finge que tá tudo ótimo.
A mãe dizia que ela seria muito influente desde que escolheu o nome dela. A que veio para brilhar. Aham. Ali estava, com vinte e poucos, e uma vida totalmente sem graça. Nem brilho. Nem começo de chama.
Mas assim, ela vivia calmamente (tédio). Sabia o que ia fazer no amanhã, sabia quanto dinheiro teria ao longo do mês e o que dava pra fazer com ele. Sabia que não dava era pra fazer nada com ele, mas pelo menos tinha consciência disso. Não se metia em problemas, e não conhecia ninguém a quem causar problemas.

Mas era sexta, era sexta-feria treze. Ninguém sabe muito bem por que (por que? sexta 13?), mas é um dia meio diferente, meio escuro, meio misterioso, e por isso ela resolveu entrar no clima, ler um pouco de Poe, e tomar um café um pouco mais forte que o comum.
Era de manhã, ouvindo Wall Watcher a manhã toda. Lendo. Bebericando seu café. Vendo o tempo que deveria estar fazendo algo útil (mais útil que ler e fazer nada, descansar? viver?!) passar. E foi. Era sexta, 13. Muito louco esse dia.
Essa era sua desculpa.

Sexta, como já dito alguma vez antes. Pessoas normais sairiam, iam se divertir com os amigos. Menos Raiane. Porque ela não tinha amigos. E odiava aquela cidade. E odiava a vida dela. E não tinha dinheiro. Raiane então comprou um vinho barato numa loja de conveniências do posto de gasolina perto de sua casa, continuou ouvindo Wall Watcher eternamente. E daí resolveu dançar no tapete felpudo da sala, que não era lavado há três meses (eu acho). E era sexta, 13.

Mas amanhã era sábado. Sem desculpa.
A vida continuou normal. Não mais Wall Watcher e sim pessoas a observando e não ao mesmo tempo. E mais rotina. E mais nada.
Quando era a próxima sexta, 13 para ela dançar no tapete felpudo (preciso levá-lo pra lavar) e fingir que não alcançava os trinta sem nada, e que não tinha mais quinze (maio de 2016)?

domingo, 8 de novembro de 2015

b m

A calmaria dos dias que passam
Semelhantes ao balanço do mar
Que vai vem vão e nunca são
Azul meio branco verde é
E a viagem sempre a mesma
Mas que vale sempre mais

A calmaria dos dias que passaram
E não voltam, não
Minutos de paz, descanso da alma
Horas de agonia alimento pro nada
E vai e vão vem sim vem não
E vão sempre vão pelo balanço
Balanço do mar

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

não é sobre os outros

me deixei levar pelo vento
voei pelo tempo e tento
sempre ser tanto
que não mais canto
pra não ver a magia
que aflora com a alegria
e chorei por quem não precisava
pra quem, no fim, nada bastava
e fui sendo consumida
sempre em pequena mordida
até que toda a dor
se foi e se for
e vi o fim de tudo
e levei a fundo
e coloquei minha lama num tubo
e chorei aos cubos.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Hadassa

     Olhou o mar. Ela adorava o mar.
     Todo fim de ano, sua família ia para a praia, passar a virada, numa casinha na beirada da areia, herdada dos avós da moça. Passavam, geralmente, duas semanas no lugar, duas semanas que Hadassa sempre soube aproveitar, e muito.
     Corria na praia, em direção e no ritmo do nascer do Sol. Depois, deixava as ondas a levarem para longe dali. Seus sonhos tomavam forma. Tudo era possível. Tudo era bonito.
     Depois, Hadassa garota ia para casa, tomava um longo banho, e ajudava o pai a preparar o almoço, que sempre incluía algum fruto do mar. De tardinha, acompanhava o pôr do Sol, e a família se reunia para conversar.

     Mas isso tudo, agora, estava longe.

•••

     Hadassa morava numa cidade grande, movimentada, poluída. Não tinha nada em comum com a pequena cidade de veraneio. Trabalhava o dia todo, em diversos afazeres. Seu pai tinha morrido de câncer uns três anos atrás. Não via sua mãe há dois anos. Haviam brigado logo após o falecimento do pai. E claro, a cidade não tinha praia.
     A vida era corrida, e ela não tinha tempo pra muita coisa que gostaria de ter. A cidade era cinza e triste. Assim como Hadassa, que então, decidiu que não seria mais triste, com a vida corrida na cidade cinza.

     Comprou passagens para uma dessas praias bonitas e caras, preparou as malas, e partiu em busca da paz de espírito, da calma... da felicidade, enfim.
     Chegando no lugar, se instalou num bom hotel, tomou algum drinque bonito, e foi em busca da praia. Descobriu que aquela praia não lhe trazia o que ela esperava, então, procurou algum lugar nas montanhas, com o frio. Talvez o contraste lhe desse o efeito.
     Viajou para as montanhas, cheias de neve, de roupas pesadas e bebidas fumegantes. Ainda assim, não achou o que procurava. Decidiu voltar para casa.

•••

     Correu pela praia, sentiu a água batendo nos pés, a brisa na pele. O ar estava salgado e feliz. Hadassa se sentia bem consigo mesma.

•••

     Voltou para sua rotina. Sentiu-se, novamente, pressionada, infeliz e perdida. Nesse momento, soube que não era o lugar, mas que ela já tinha arruinado tudo por conta própria, e que não poderia respirar aliviada antes de corrigir tudo.
     Despediu-se do trabalho. Conversou com a mãe. Mudou o corte de cabelo, e sentiu-se determinada e pronta para qualquer coisa. Então pensou na praia. Era lá, sim!

•••

     Morava há dois meses na casa de praia da família. Havia pintado o exterior de rosa e turquesa, e decorado o interior com redes e almofadas confortáveis. Nada remetia ao passado cinza da cidade. Lia muitos livros sobre tudo, fazia mutias caminhadas pela praia, comia muitos camarões.
     Ela sentia-se bem consigo mesma.
     Olhou o mar. Ela adorava o mar.
     Adorava, principalmente, as lembranças que ele lhe despertava. Aquele mar.
     Foi deixando as ondas levarem os pensamentos para longe, e ela também foi para longe. Tornou-se mar. Misturou-se com os oceanos, virou chuva, regou a flor. Ela foi longe, mas nunca saiu do lugar.

Alice

Alice acordou.
Abriu os olhos, e a claridade inundou seu dia.
Alice desceu as escadas, e colocou a chaleira no fogo.
Alice subiu as escadas, tomou um banho rápido, escovou os dentes, colocou uma roupa leve, ajeitou seu cabelo em uma trança, colocou os tênis e desceu as escadas.
Preparou um café bem forte e sentou ao lado da janela e observou a rua parada em que vivia.

Oito da manhã, Alice saiu.
Fez uma caminhada no bairro, comprou o jornal diário e foi para o trabalho.
Ao meio-dia, saiu do edifício, sentou-se numa mesa de um restaurante lotado que ficava na frente de onde trabalhava.
Comeu uma salada refrescante, bebeu um chá.
Voltou para o grande prédio cinza, e só saiu de volta quando já eram pra lá das cinco e meia da tarde.

Chegou em casa.
Subiu as escadas, tomou um banho demorado, escovou os dentes, colocou o pijama, e desceu as escadas.
Preparou um sanduíche de legumes e queijo, e sentou-se na janela para observar o fim de tarde na rua segura em que vivia.
Nove da noite, Alice dormiu.


Alice acordou.
Abriu os olhos, e o nublado inundou seu dia.
Alice desceu as escadas, e colocou a chaleira no fogo.
Alice subiu as escadas, tomou um banho rápido, escovou os dentes, colocou uma roupa e pegou um casaco, ajeitou seu cabelo em um rabo de cavalo, colocou os tênis e desceu as escadas.
Preparou um café bem forte e sentou ao lado da janela e observou a rua parada em que vivia.

Oito da manhã, Alice saiu.
Comprou o jornal diário e um guarda-chuva e foi para o trabalho.
Ao meio-dia, saiu do edifício, sentou-se numa mesa de um restaurante lotado que ficava na frente de onde trabalhava.
Comeu uma massa com molho de legumes, bebeu um chá.
Voltou para o grande prédio cinza, e saiu quando já eram cinco e meia da tarde.

Chegou em casa.
Subiu as escadas, tomou um banho demorado, escovou os dentes, colocou o pijama, e desceu as escadas.
Preparou uma salada com molho de mostarda e mel, e sentou-se na janela para observar o fim de tarde na rua segura em que vivia.
Nove da noite, Alice dormiu.


Alice acordou.
Abriu os olhos, e o barulho da chuva inundou seu dia.
Alice desceu as escadas, e colocou a chaleira no fogo.
Alice subiu as escadas, tomou um banho rápido, escovou os dentes, colocou uma roupa quentinha, ajeitou seu cabelo em uma boina, colocou as botas e desceu as escadas.
Preparou um café bem forte e sentou ao lado da janela e observou a rua chata em que vivia.

Oito e meia da manhã, Alice saiu.
Abriu o guarda-chuva.
Comprou o jornal diário e foi para o trabalho.
Ao meio-dia, saiu do edifício, abriu o guarda-chuva e sentou-se numa mesa de um restaurante engordurado que ficava na frente de onde trabalhava.
Comeu um sanduíche rápido, comprou uma água.
Voltou para o grande prédio cinza, e saiu quando já eram cinco e meia da tarde.

Chegou em casa.
Subiu as escadas, tomou um banho demorado, escovou os dentes, colocou o pijama, e desceu as escadas.
Pediu comida japonesa, e sentou-se na janela para observar o fim de tarde na rua triste em que vivia.
Onze da noite, Alice dormiu.


Alice acordou.
Abriu os olhos.
Tomou banho, escovou os dentes, colocou uma roupa confortável, ajeitou o cabelo num coque, colocou o tênis e desceu as escadas.

Sete da manhã, Alice saiu.
Correu pelo bairro, em direção a lagoa no centro, com o chuvisco lhe causando arrepios.
Entrou num café, tomou algo quente, comeu algo qualquer. 
Correu em direção a qualquer lugar.

Não voltou para casa.



O sábado amanheceu e um corpo boiava numa poça de chuva na área rural da pequena cidade.
O dono da propriedade ficou assustado.
Chamou a polícia.
O corpo nunca foi identificado, ninguém procurou por ele.
Foi enterrado no cemitério bonitinho e arborizado da cidade, sem uma placa identificando quem, sem uma mensagem de esperança.


Alice nunca mais acordou.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
nnnnnnnnnnnnnnnnnnãããããããããããããããããããããããããããããããooooooooooooooooooooooo
sssssssssssssssssssssseeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
oooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
qqqqqqqqqqqqqqqqqquuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuueeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
eeeeeeeeeeeeeeeeesssssssssssssttttttttttttttttttoooooooooooooooouuuuuuuuuuuuuuuuu
fffffffffffffffaaaaaaaaazzzzzeeeeeeeeeeeeennnnnnnnnnndddddddddddddooooooooooo

quinta-feira, 14 de maio de 2015

branco

Não estou em lugar nenhum, mas estou aqui
não vê? não estou e não acho que você vá me achar.
Poucos sabem da verdade, e poucos a querem.

Não estou em lugar nenhum, mas estou por ai
voando, voando, rápido, além.
Não procura, que o céu é vasto.

tudo cai, tudo vai
aí, me perco, me solto, desapareço
desapareço no meio branco, pois branco sou.

luz, luz, luz!
luz, é isso.
não tente me pegar. mas luz sou.

cor

Do azul pro céu
do mar pro sul
de lugar nenhum
pra vida.

Cinza, cinza,
canta pássaro
voa flor
chuva caí.

Fim é,
encontra o mar.
De baixo para cima
desencontra.

E vai
sai
e vai
e não volta.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Eu poderia parar de notar o mundo ao meu redor.
Mas eu não quero que o domingo acabe,
E eu também não quero ficar igual a você.