quinta-feira, 19 de novembro de 2015

a verdade é que nada importa de verdade

é quase sexta de novo, e eu tô quase uma semana sem aula por causa de chuva(s). é quase fim do mês, e daí já é quase fim do ano. a única coisa que começa agora é o álbum que acabei de colocar pra tocar, mas a primeira música já se acaba também. tudo acaba, o tempo todo. a única coisa que não acaba, não por enquanto é a vida, e o tempo pra outras coisas começarem, e, logicamente, acabarem.

dois zero um cinco tá acabando e eu tô aqui, fazendo aquelas reflexões de fim de ano e vendo que nada importa. não muito, pelo menos. se eu morresse agora, eu iria me matar novamente, por nunca ter feito nada por conta nessa vida, curta vida que eu tive. mas nada importa muito agora.

eu coloco isso na minha cabeça quando me importo, porque, sinceramente, eu cansei de me importar. cansei de ser cobrada por um título que eu fui amaldiçoada a ter por um simples acaso. cansei das pessoas, das falas de sempre, e cansei de concordar pra evitar discussões maiores. mas cansei também de discussões e cansei de muita coisa. cansei porque nada mais importa.

quero logo que tudo acabe, pra tudo importar de forma que não afete o agora.

é quase sexta de novo, é quase fim do mês, e daí já é quase fim do ano. a única coisa que não acaba agora é o álbum que acabei de colocar pra tocar, porque ele é grande pra caralho, mas tudo acaba, o tempo todo, e logo a vida tá acabando e eu não fiz nada não.

mas isso não importa.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

sexta 13

Era sexta, era manhã. Acordou, correu, bebeu café. Sentou. E viveu.
Essa era a rotina de Raiane.
Ela sabia que podia fazer algo bem legal com a porcaria da vida dela. Mas achava melhor não. A dor, o medo, o desconforto não valem a variedade. Melhor chorar enquanto escuta algo e finge que tá tudo ótimo.
A mãe dizia que ela seria muito influente desde que escolheu o nome dela. A que veio para brilhar. Aham. Ali estava, com vinte e poucos, e uma vida totalmente sem graça. Nem brilho. Nem começo de chama.
Mas assim, ela vivia calmamente (tédio). Sabia o que ia fazer no amanhã, sabia quanto dinheiro teria ao longo do mês e o que dava pra fazer com ele. Sabia que não dava era pra fazer nada com ele, mas pelo menos tinha consciência disso. Não se metia em problemas, e não conhecia ninguém a quem causar problemas.

Mas era sexta, era sexta-feria treze. Ninguém sabe muito bem por que (por que? sexta 13?), mas é um dia meio diferente, meio escuro, meio misterioso, e por isso ela resolveu entrar no clima, ler um pouco de Poe, e tomar um café um pouco mais forte que o comum.
Era de manhã, ouvindo Wall Watcher a manhã toda. Lendo. Bebericando seu café. Vendo o tempo que deveria estar fazendo algo útil (mais útil que ler e fazer nada, descansar? viver?!) passar. E foi. Era sexta, 13. Muito louco esse dia.
Essa era sua desculpa.

Sexta, como já dito alguma vez antes. Pessoas normais sairiam, iam se divertir com os amigos. Menos Raiane. Porque ela não tinha amigos. E odiava aquela cidade. E odiava a vida dela. E não tinha dinheiro. Raiane então comprou um vinho barato numa loja de conveniências do posto de gasolina perto de sua casa, continuou ouvindo Wall Watcher eternamente. E daí resolveu dançar no tapete felpudo da sala, que não era lavado há três meses (eu acho). E era sexta, 13.

Mas amanhã era sábado. Sem desculpa.
A vida continuou normal. Não mais Wall Watcher e sim pessoas a observando e não ao mesmo tempo. E mais rotina. E mais nada.
Quando era a próxima sexta, 13 para ela dançar no tapete felpudo (preciso levá-lo pra lavar) e fingir que não alcançava os trinta sem nada, e que não tinha mais quinze (maio de 2016)?

domingo, 8 de novembro de 2015

b m

A calmaria dos dias que passam
Semelhantes ao balanço do mar
Que vai vem vão e nunca são
Azul meio branco verde é
E a viagem sempre a mesma
Mas que vale sempre mais

A calmaria dos dias que passaram
E não voltam, não
Minutos de paz, descanso da alma
Horas de agonia alimento pro nada
E vai e vão vem sim vem não
E vão sempre vão pelo balanço
Balanço do mar

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

não é sobre os outros

me deixei levar pelo vento
voei pelo tempo e tento
sempre ser tanto
que não mais canto
pra não ver a magia
que aflora com a alegria
e chorei por quem não precisava
pra quem, no fim, nada bastava
e fui sendo consumida
sempre em pequena mordida
até que toda a dor
se foi e se for
e vi o fim de tudo
e levei a fundo
e coloquei minha lama num tubo
e chorei aos cubos.