sábado, 30 de junho de 2018

Focar em coisas que preciso mesmo fazer é muito difícil. Quando eu acho que consegui, enfim, sentar e fazer algo, algo além aparece. Foco é uma questão de querer, sei bem. Não é algo mágico, e ler livros que não entendo não é algo que prefiro acima de outras questões, mas eu preciso, e preciso entender que não existe mágica quanto a isso. E não, não é a vida de Zaphod que achava.

Escrever todo dia já se tornou difícil no terceiro dia; simplesmente não tenho o que escrever, e essa de sair escrevendo qualquer coisa que me passa pela cabeça só por escrever me parece um pouco bobo. Talvez eu devesse voltar a tentar escrever narrativas. Talvez até narrativas sobre os assuntos que escrevo por escrever.

É isso aí.
Não sei o que eu tô tentando fazer mas eu tô tentando fazer algo,
mesmo que não seja o algo que eu deveria estar fazendo de fato.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

exercício diário

todo dia colocar alguma coisa pra fora não é fácil. menos fácil ainda é quando você guarda tudo tão profundamente. cada lugar com um pedaço de informação, mas nunca seguro com ninguém. nunca inteiro. isso me sufoca. as vezes queria que alguém soubesse tudo; mas na verdade são coisas tão bobinhas e pequenas, e apesar de me incomodarem, simplesmente é mais fácil colocar isso no fundo e tentar resolver sozinha.
é difícil falar sobre mim quando estou um pouco perdida; quem me vê não vê isso. e eu pareço sempre em perfeita harmonia. e é exagero dizer quando não estou, quando estou surtada e desamparada; simplesmente não pode acontecer.

mas eu estou. estou tanto que estou procurando de novo o que me mantinha um tempo atrás. não sei mais fazer isso; é questão de prática. tudo soa simplório, mas tudo bem. uma hora eu pego minha confiança, que nunca foi consolidada, e consigo, novamente, fazer isso. é um exercício diário. será um exercício diário.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

28/06

último registro/pedido desse dia que me senti tão estranha: vão se foder
muito obrigada
tenham uma boa noite
porque eu não tenho certeza de que terei
que momento de crise
que me afirmo
que me digo que vai ficar tudo bem
como não vi isso antes,
não é só falar que vai ficar tudo bem?
vai ficar tudo bem
e repito que vai ficar tudo bem
pra me convencer
a fazer
algo
para
ficar tudo bem

Eu nem sei mais como fazer isso.
Escrever, em teoria, é igual andar. É coloca um pé na frente do outro, palavra palavra palavra. Na prática, levam-se anos pra aprender. E é todo dia ali. Até que um tempo sem e colocar uma palavra depois de outra é tão difícil que nada saí.

O medo da página em branco é sempre tão real, e as regras de como fazer isso soar bom sem ser forçado ou errado são borrões na mente. Como eu um dia achei que soubesse fazer isso? Como um dia achei que simplesmente falar e falar sobre nada fosse uma boa ideia - e pior, falar pra ninguém ouvir -?

Quero voltar a saber fazer isso. A ter confiança de como as coisas simples são, mediante uma boa apresentação, importantíssimas, isso sim.

Aqui encontro minha essência. E enquanto me acho, principalmente de forma exterior, me deterioro no introspecto. Esse exercício de existir em equilíbrio consigo; preciso me reencontrar nisso; agora não mais escuro e janelas fechadas, e xícaras e xícaras de café doce e gelado. Agora quero luz, um ambiente arejado e café quentinho e amargo que me levantam. Mas preciso saber onde estou comigo mesma. E isso não tem nada a ver com os outros, como gosto de fingir que tem.

Eu não sei mais como fazer isso, e tenho vivido em uma realidade em que não preciso. Mas eu preciso. Eu sei que preciso. Como mais poderia respirar e sangrar se não assim?

Então, me declaro responsável por fugir das minhas necessidades e me sentir sozinha e alheia e confusa, quando estou correndo longe, e por preguiça, de coisas que são, essencialmente, essências. Me culpo de minha isolação. E prometo, como já tenho prometido, ser melhor em ser eu mesma.
A vida tem sido boa. Tenho tido o que fazer, e tenho feito de uma forma boa (o suficiente). Tenho estado ocupada e tenho estado inteirada. Embora nem sempre sinta isso. Embora quase nunca sinta isso.
Sei o quanto disso é apena imaturidade: é ridículo esperar maior atenção de pessoas que não são minhas - nunca foram, nunca serão; elas têm mais. Sei também o quanto isso tudo é aquilo tudo que eu não coloco pra fora por escolha e por medo de parecer frágil.
Mas sim, a vida tem sido boa. Tenho me sentido mais eu. Tenho aprendido a me expressar. Tenho entrado em pânico, sim. Viver (, aprender,) e entrar em pânico. Mas faz parte.
As pessoas ainda são meu maior problema: o quanto elas agem de formas que me machucam sem elas nem perceberem; o jeito como as pessoas que eu queria muito que estivessem perto estão longe; o jeito como as pessoas que eu gostariam que estivessem ali simplesmente não estão em lugar nenhum.
As pessoas serão para sempre meu maior problema, e não há nada que eu possa fazer a respeito disso. Sempre haverão pessoas. É melhor aprender lidar com elas - ou viver nesse eterno sentimento de deslocamento, mesmo quando inclusa.

Mas a vida tem sido boa, e em tons de vermelho, e com árvores e vento. Os dias tem sido bons, têm durado uma vida inteira, voando voando voando até que já seja sexta de novo. E as coisas têm sido como elas têm que ser, e estão corretas, desde que eu tente ao máximo ser também.





Mas, ainda, há algo, bem no fundo, que eu acho que eu sei o que é, que fica me incomodando

                                       mas não muda que a vida tem sido boa.