sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

sobre quando os textos eram sobre alguma coisas

eu queria sentar e escrever sobre como a vida anda. como eu fazia. escrevia cartas para mim mesma e à leitor nenhum. e escrevia. relatava em detalhes que me parecessem relevantes as mais diversas coisas, os mais diversos episódios que me fizessem pensar que eu estava viva, que era pra isso que eu vivia - pro bem e pro mal.

hoje eu não sei quais desses momentos são válidos de se relatar. eu cheguei nessa conclusão, pensando muito porque não preciso mais tanto dessa expressão. e não que a vida tenha sido ruim. muito pelo contrário. tem sido cada vez melhor. inclusive, os momentos de querer sair gritando são cada vez menores.
isso tem a ver com crescer e amadurecer? não, né, eu ainda tenho dezoito.
mas pra mim, com certeza, tem a ver com deixar o que eu nunca fui.

que presunçoso.

mas é isso mesmo.

um tempo atrás eu estava olhando umas fotos de quando eu era criança. e eu sou sincera ao dizer que eu odiava ser criança, e odiava ainda mais ser eu quando criança. um ser inútil em meio ao entoo de que eu me vestia como uma louca e que eu era gorda demais e qualquer coisa assim. eduarda, eu sou sua melhor amiga, mas você é chata. essas coisas passam depois de um tempo. tem a ver com essas coisas.

mas, enfim, eu vim aqui, nessa página em branco, por causa de uma música, que parecia me dizer algo. daquelas que eu coloco naquela playlist que seria a trilha sonora de um filme. o álbum, em questão, termina com uma das músicas mais fraquinhas. mas ontem eu estava chorando por causa de uma delas. e do vídeo. e o vídeo meio que tinha alguma coisa a ver com isso. com o que vale ser vivido, e como só vale em determinados momentos.

eu me rendo. eu não sou mais a criança que queria escrever um livro. eu me julgo incapaz. eu não sou convincente o suficiente. eu não tenho nenhuma experiência de vida válida de ser relatada.
eu me rendo. eu aceito. eu não sou a criança especial que eu achei que um dia viria a ser. o brilho demais da tela do computador me incomoda, me dá a sensação de ser observada. eu não quero ninguém vendo minha aceitação de fracasso!

e das poucas certezas que eu tenho, além de ovo no miojo, que inclusive será minha janta, é que aceitar que eu não serei o que eu idealizei de mim é ok. e que as pessoas não são como eu as idealizei, também.

o que vem pela frente? (por que isso tá parecendo um texto de fim de ano? esse eu já fiz e o ano já começou?) eu não sei. mas ao mesmo tempo que eu queria encontrar a que valorizava tão pouco pra escrever e escrever eu sei que ela passou. ou talvez eu só precise de algo que faça eu valorizar cada e qual momento de forma tão minuciosa. de escrever com palavras inteiras. não tenho usado muito frases inteiras, cheias de sentido. tem sido assim que tenho pensado? passado?

eu não sei mais organizar os pensamentos. desculpa, desculpa. agora, e ainda sobre escrever, tenho sentido de um jeito diferente. que me convenço estar tudo certo apenas existindo e deixando ir.
se tem palavras que tenho usado e que de fato têm guiado minha existência é fluxo e feeling. é assim que as coisas têm sido. e deixo ir, porque também é o que tem pra fazer.

e toda vez que eu vou arrumar uma frase eu me distraio, e me vejo longe do que eu originalmente tinha me proposto a escrever. aí, ficar nessa de reler, de lembrar o que era, não. então eu me termino aqui. sem sentido. cheio de sentir.

(nota: parar com joguinhos bobos de palavras)

faça um favor a si mesmo, escute o remind me tomorrow.