penso muito em quando eu tinha treze anos
eu tenho vinte e três anos, e constantemente penso em quando eu tinha treze. aquela coisa de que realmente é uma idade que muda muito na vida de uma menina, e é mesmo. o tempo todo eu penso no que mudou e no que nunca vai mudar, porque dez anos é tempo suficiente, eu acho, pra poder ter esses distanciamento e ver onde a vida tá levando a gente.
a coisa é: a vida vai levando. nessa hora as vezes chega o questionamento se eu me levei ou ela levou e para onde. os últimos dias têm sido um pouco estranhos, e eu sinto que não fui pra lugar nenhum, e minha cabeça só pensa se eu errei ou se só ainda é cedo. qual o limite do cedo? quando é tarde demais?
com treze anos é cedo demais, mesmo que nesse momento a gente decida muito. nesse momento que sinto que nada está dando em nada me agarro no que eu tenho desde sempre: um pouco de escrita, um pouco de músicas que me confortam – e nesse momento me encontro escutando strokes, lugares que a gente volta quando tudo desanda –, um pouco de sonhar com o que mais.
às vezes o que faltou com treze anos foi sonhar um pouco mais. e com coisas possíveis. qual foi a meta? eu acho que não exatamente cheguei nela, mesmo que ela não existisse, mas na verdade a gente não tem noção de o que seremos, quão novo tudo continua sendo. porque continua. será que para sempre? ou será que alguma hora a sensação de desbravar o mundo acaba?
poderia falar que o saldo positivo é que a calma cresce minimamente, o controle emocional. mas tem horas que eu sou uma menina de treze anos cortando a franja. mas daí o controle emocional é que ficar ridículo não é exatamente um problema mais. mas não sei se é isso ou se é só aceitar que o tempo passa, mais rápido do que a gente gostaria. enquanto ele parece um pouco estagnado. e da nossa insignificância. ela cresce e muda de jeito. mas no fim, as coisas seguem sempre as mesmas.
na verdade as coisas vão fluindo devagar, elas mudam aos poucos e aos poucos e aos poucos. a sensação de que tudo está parado é horrível, mas olhando ao para trás as coisas se movimentaram. depende de qual movimento você queria. esse vinte e três anos me pareceu pouco, mas eu fiz algumas coisas importantes para mim. esse texto começou a ser escrito num momento que eu sentia que nada ia para lugar nenhum, e hoje, vários meses depois e quase vinte e quatro, eu não lembro quais eram essas coisas.
pensando bem, ainda estou exatamente no mesmo lugar, mas em outro.
pessoas passaram, pessoas chegaram, meu corpo mudou, conheci novos lugares, descobri novas coisas que gosto, aceitei outras que não, e enquanto o futuro ainda me parece instável e outras pessoas no mesmo tempo que eu tenham vidas diferentes, no fim, eu acho que quem eu era com treze anos não ia estar satisfeita com o que somos dez anos depois, porque acho que ela se levava um pouco mais a sério. eu de vinte e três também não estou satisfeita, mas sei que é passageiro. o sentimento de estagnação vem de as coisas serem feitas devagar. mas eu não tenho muito problema com isso.
também parei um pouco de pensar muito em quando eu tinha treze anos.
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