sábado, 18 de junho de 2022

liguei uma câmera, 

assim posso me monitorar.


quem sou eu quando eu estou me vendo?

quinta-feira, 16 de junho de 2022

sou/não sou

às vezes acho que ocupo muito espaço, que não há lugar pra tudo isso em lugar nenhum. que ninguém está disposto a receber essa carga toda, que ninguém quer o que tenho. aí penso, será que é porque esse espaço todo que eu ocupo é só tralha? nada de útil, apenas uma caixa que junta poeira e qualquer dia desses umas traças, incômoda, atrapalhando o fluir do espaço?

às vezes acho que ocupo muito espaço, mas na verdade, acho que nunca ocupo espaço nenhum. nunca perceptível, apenas implodo por onde passo, e ninguém vê. ninguém nunca vê. acho que então não sou nada, apenas um vazio. mas até o vazio, às vezes, ocupa muito espaço. 

sigo sendo qualquer coisa, que não é coisa demais. nem coisa de menos. sendo qualquer coisa, pra qualquer pessoa, com qualquer objetivo. tenho medo de te um objetivo, e então demandar ser algo. não sou nada. nem incômodo, nem vazio, nem coisa demais. 



nem nada.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

do tempo que escrevi

quando eu era mais nova, escrevia sempre em primeira pessoa. minhas experiências ou qualquer coisa que não era minha mas eu achava que poderia falar. escrevia muito porque me sentia muito perto de nada. gostava da não materialidade de escrever num espaço virtual, escrever em palavras incertas.

ai a coisa cresceu dentro de mim, e me sentia insegura com o que eu escrevia. não era bom. não tocava mais ninguém. não queria escrever em eu, não queria que fosse sobre eu. mas no fim, e discussões todas a parte, é sempre sobre eu. e a partir disso, parece que fui morrendo.

as coisas mudaram, e eu mudei. e minha forma de pensar mudou. então eu não estava mais preocupada com escrever tanto assim. as coisas me atropelaram, e foram indo em outra direção. aprendi a pensar de outra forma, pensar em forma. os pensamentos começaram a se materializar de outra forma, de forma material. eles começaram a se tornarem também menos abstratáveis. frases objetivas, falar as coisas  o que são. em outros meios. para pessoas. eu queria que alguém realmente ouvisse qualquer coisa que eu tivesse pra falar.

e ai que falei muito, e muito, e igual ninguém ouviu nada. nessa jornada das palavras e da procura por posicionar elas bem, achando sempre tudo errado. era tudo errado. será que eu que era errada? a forma de formar as frases, a quantidade de palavras, o tema, nunca satisfeita. e tudo sempre nunca satisfeita comigo, no fim das contas.

se ainda escrevo? não sei. mas continua fiel essa amiga, as palavras.

segunda-feira, 25 de abril de 2022

corpo

qualquer dia desses viro apenas um conceito
deixo de ter um corpo
não me recuperei de não ter um corpo
parecia que não tinha nada

qualquer dia desses viro uma abstração
desses dias que penso que quero ser minha menor versão
sumir com pouco do meu corpo
dia desses, eles voltam

parece, com frequência grande,
que não existo, não muito
sou apenas uma sombra
um incômodo

conflitos, constantes
corpo que não existe
mas queria existir.

sábado, 19 de fevereiro de 2022

característica da solidão é o sentimento de exclusividade

03 abr 2021

todas as coisas que eram tão boas porque eram sobre algo

agora não são, mais nada.


liberdade criativa

presente, não mais um futuro inexistente


assustadora perspectiva

mal que te quero querendo ser teu bem

me canso de te procurar
esperando acabar, o que eu sei que não vai

e espero seu sofrimento
para que eu então seja alento 

espero que confie em mim
para eu poder confiar em você

e ser um colo
e ter um lugar que eu invento
todo dia

porque eu sei que foi, antes de vir

estagnou, para mim
mas não para você

e eu não deixo ir, porque as circunstâncias não permitem
ou pelo menos eu me convenço que é isso.

22/09/2021