terça-feira, 18 de março de 2025

eu tinha um ponto sobre um livro mas não evoluí ele

estou lendo a idiota, que estava há muito na lista de leituras que vejo o tempo todo alguém no tiktok recomendar e, enfim, fui ler.

por hora, o livro é ótimo. eu amo livros que não acontecem nada. e eu amo como ela é uma adolescente de 18 anos pretensiosa daquele jeito que acha tudo de si tão importante, cheia de desprezo pelos outros, enquanto assume que é extremamente alheia a tudo. eu era exatamente assim.

e agora, acabo por passar por uma passagem que ela saí com o ivan, um cara que ela tinha feito uma matéria, e eles vinham trocando emails, diversos. e ele fala nesses emails que, de certa forma não levava essa proximidade que eles tinham no escrito para a vida real porque meio que o que eles falavam por email não era a comunicação do cotidiano, do básico. então eles saem para tomar um café, dar uma volta. e o tempo todo eu sinto ela odiando o encontro porque ele fala. e fala muito. e fala sobre ele, enquanto ela não consegue muito bem se colocar. e acho que ela percebe um pouco isso, que, de fato, ali, na presença, na vivência, talvez não sejam tão interessantes assim.

não sei se foi o que realmente aconteceu, ela foi embora pra algum outro evento que tinha dito que estaria e eu me senti um pouco aflita e parei para comer um sanduíche de frango que estava imaginando desde o almoço, com saladinha de repolho, cenoura e rabanete e maionese.

o que me deixou aflita é que eu acho que vivo constantemente nas relações entre ser a pessoa quieta vendo a outra pessoa ser, e isso ser o bom, eu não estar presente ou eu ser a pessoa que torna a existência de algo, enquanto realidade da vivência, realmente algo. ou estou vendo as coisas acontecerem pensando coisas demais, ou estou falando, tapando os buracos, enquanto a relação quando não materializada, enquanto uma conversa de whatsapp fluí muito bem.

e assim eu vou ficando um pouco com preguiça das pessoas, mesmo que eu goste muito delas. a perspectiva de ter que ficar falando initerruptamente porque se não a situação fica meio estranha, mesmo que eu meio que conheça a pessoa, e a pessoa me conheça. eu tenho preguiça. a situação de eu não conseguir falar eu consigo facilmente sair, eu só vou embora o mais rápido possível, mas a de só eu ter que falar... porque nem todo mundo vê isso como um problema, ou como algo a ser livrado, eu acho.

depois, na ausência de ivan, ela sente falta dele. mas qual ele? o que ela acabou de vivenciar, que falou e falou, e em algumas dessas falas se projetaram nela de uma forma negativa, ou o ivan da escrita, distante? e eu odeio que isso ocorra. porque é isso. a ideia da pessoa ou ela em seu distanciamento é uma presença tão agradável, mas as vezes a presença dela na realidade não. e fica a pergunta: é uma questão de tempo até que essas duas pessoas, ou versões, se alinhem, ou nunca acontecerá, exatamente porque são duas coisas diferentes?

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segui com a leitura e no fim ela não fala nada sobre isso, e eles continuam saindo. não sem outras pequenas tensões, mas, no fim eu só estava projetando uma situação minha?

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eu fiquei com preguiça de continuar o texto, certeza que eu tinha muitos outros pontos para serem colocados, mas ultimamente tem sido assim, desde que eu resolvi voltar a tentar escrever do jeito que eu consigo escrever e não num caderno, eu começo, fico com preguiça, penso em voltar depois, mas nunca mais volto. mas agora, depois de dias, quando estou finalmente terminando o livro só para dizer que, de fato, é um excelente livro. eu consigo me imaginar passando por todas as situações péssimas dela, que não tem nada de muito péssimo de verdade, toda a relação dela com o ivan, e tudo com dezessete/dezoito anos. eu meio que amei. e agora eu vou ler os últimos quinze minutos de livro.

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