tenho quase absoluta certeza, embora eu talvez não devesse ter depois de várias cervejas e shots, de que ela voltou para casa. eu deixei na mesa do bar? em qual deles? simplesmente não me entra na cabeça isso, as outras pessoas teriam visto. como que ela não está na minha casa? fiquei tristíssima de novo. além de estar muito tempo comigo e ter umas miçangas legais e fitinhas de nossa senhora e são francisco de assis (a gente nunca larga 100% os traços de catolicismo, mesmo que não participe há anos da religião. é.), ainda estava com meu cartão de memória dentro.
comprei outra, sem exitar muito. pesquisei várias, cogitei pagar mais de mil reais em uma 100% nova, mesmo que eu não tivesse esse dinheiro, olhei muito tiktok vendo câmeras e as fotos que elas tiravam... até decidir baseado em pouca coisa qual eu iria comprar. ao mesmo tempo que muito pensada, uma atitude meio impulsiva. eu, que não compro nada de mais de cem reais sem pensar MUITO. porque eu preciso de uma câmera, eu amo tirar fotos, mesmo que eu seja uma péssima fotógrafa.
a história da impulsividade para comprar uma câmera não é nova para mim. a primeira vez que comprei uma câmera foi quando voltei a sair na rua pós pandemia. eu tinha começado a fazer estágio e estava como bolsista de iniciação científica, saindo pouco, então acabou que eu guardei um dinheiro que na hora eram para coisinhas inúteis. minha irmã me mandou uma que estava sendo vendida e eu comprei. sem pensar absolutamente quase nada.
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mas eu sou uma péssima fotógrafa.
eu percebi isso, principalmente, fazendo meu tcc (acabei de olhar ele de novo e resolução ruim em algumas imagens, não sei se porque foi compactado para enviar, erros de diagramação, em um momento simplesmente o título da parte não aparece. eu não aguentava mais olhar esse trabalho!!!!). eu decidi que ia fazer uma exposição fotográfica, então visitei algumas casas na minha cidade e conversei com as moradoras. a ideia era mostrar as casas como elas são ao longo da vida, como ela nunca é um projeto finalizado, que o movimento do dia a dia muda elas, tanto pelo deslocamento dos objetos, a adição de novas coisas, o desgaste da casa, a mudança das horas e estações. bom, tá tudo descrito no trabalho linkado acima, caso alguém tenha interesse. mas quando eu fui editar as fotos eu vi que elas estavam péssimas. a maioria desfocada. a iluminação não ajudou, porque vamos ser sinceros, algumas casas não tem a iluminação boa o suficiente para uma leitura no quarto (o meu, por exemplo. de dia ok, mas a iluminação artificial é sofrível), imagina um ensaio fotográfico, ainda mais que a maioria aconteceu em dias que tive a sorte do nublado ou fim de tarde, porque é a hora que as pessoas estão disponíveis. a câmera que usei não é ruim, é um t6, mas não é uau que câmera incrível, ainda mais com a lente de kit, que é a única que tenho. mas definitivamente não é ruim. eu comprei ela de um fotógrafo, e ele fazia umas fotos muito boas. mas um problema: a habilidade do fotógrafo não veio junto.
até aqui eu falei dos problemas técnicos das fotos desse trabalho: dificuldade em focar, iluminação realmente difícil em casas normais, lente que nem sempre conseguia dar conta do todo ou do zoom de um detalhe, ainda mais considerando que dentro de uma casa o espaço para se movimentar é restrito. mas eu acho que faltou olhar. eu estou falando desse trabalho em específico, porque eu posso referenciá-lo, mas é uma coisa que acho que se aplica à muitas outras coisas. eu já fiz fotos muito legais, principalmente quando a gente fazia os ensaios do Andu, já fiz ensaio para a ana que eu gosto muito do resultado, eu sempre tiro uma ou outra fotinha de bar legal. eu também não odeio o meu trabalho de tcc, eu só fiquei decepcionada com quantas fotos ficaram ruins, realmente ruins. e com a falta de como contar a história. eu queria mostrar os ambientes, não dava para serem só fotos de detalhes, que é o que mais me encanta. seguido de luz e sombra, que, como disse, não tava sempre presente. então eu não tinha tantas fotos que eu olhei e falei "que bonito!!".
no fim, achei o resultado satisfatório, apesar de, além da questão das fotos, ter tido algumas questões quanto a edição (não sei editar direito além dum filtrinho). mas eu penso que se fosse fazer de novo ficaria muito melhor. a verdade é que acho que ainda não saberia contar a história do jeito certo. e cada vez mais tenho me aproximado do meu problema com tudo o que tento fazer, eu acho: narrativa.
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eu não tenho tirado fotos. comecei uma frase falando que não sei porque, mas rapidamente apaguei. eu sei muito bem o motivo: eu não estou alegre com a vida, pouco me parece bonito, e minha rotina não tem tido nada muito bonito, já que eu só passo pelos mesmos lugares todos os dias, há meses. também que geralmente eu só levo meu celular para os lugares, e o xiaomi mais barato do Paraguai comprado em 2021, acreditem se quiser, não tira umas fotos muito boas, quem diria (e parece que só foi piorando, como pode, eu acredito nas histórias de piorarem a câmera nas atualizações, não é possível que meu padrão de qualidade tenha aumentado tanto), e isso irrita. a foto borrada a não ser que tenha LUZ, a distorção enorme de cores, e essas coisas todas. mas o que nos últimos dias achei belo e digno de nota? minha decoração de maionese. meu tampico que vencia no dia do meu aniversário. minha unha cor brahma duplo malte. minha tentativa de tarô na caixinha de fósforo - que era a ideia inicial mas não deu certo porque o volume do baralho ficou maior que da caixinha num papel mais grossinho e na verdade eu fiz em papel adesivo para colar no meu livro, como em breve saberão.
mas nada como qualidade estética. mas aí eu acho que às vezes é isso, que tenho que desapegar da questão de ser bonito, e só olhar o que é. as coisas são bonitas porque na hora eram bonitas, não necessariamente bonitas esteticamente, ou de uma forma que todos concordarão. só os resgistros de qualquer coisa. não é esse o objetivo?
mas eu também comprei uma câmera nova, como já disse aqui, e eu acho que ela vai tirar bonitas fotos. testei só um pouquinho, mas voltarei a levar ela para todos os lugares.
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enfim, em algum momento eu tinha um ponto, e aí, como com frequência acontece, eu perdi o ponto. até porque muito tem acontecido de eu pegar uns minutinhos quando estou a toa no trabalho para escrever. melhor que ver tiktok no mudo, não? e eu também queria ilustrar o post com várias fotos, mas em algum momento também desisti. mas é isso, falar e falar e pensar sobre qualquer coisa e não chegar em lugar nenhum. não tenho o objetivo de chegar em lugar nenhum. a conclusão aqui é que todo mundo gosta de tirar fotos, e a foto das coisinhas do dia a dia do outro são sempre mais bonitas que as suas. estou numa fase amargurada, eu acho.
eu uso muito a fotografia pra medir se estou vivendo ou existindo num período. fugindo um pouco do que falam sobre viver ao invés de registrar. quanto menos eu registro menos eu vivo aquele momento. porque a fotografia tá mundo atrelada (pra mim, na minha vida) a estar presente e feliz com aquele espaço-tempo. tanto que os meses mais agitados, caóticos e puxados são os que eu menos fotografo. como se esse OLHAR pelas coisas fosse anulado pelo cansaço, estresse, correria. apenas existindo e sobrevivendo ao dia a dia.
ResponderExcluira época que eu aceitei vender um rim saudável pra comprar um iphone foi quando entendi que mesmo deslumbrada pela vida naquela época, eu dificilmente sairia pra fotografar com meu trabolhão. por mais que gostasse do resultado etc. não era prático. (a minha ainda meti um lente que não dá pra usar em espaço pequeno mesmo eu estando raramente na rua, aiai). ai entendi que pra manter o ritual da fotografia, eu teria que usar algo que tá sempre comigo, o diacho do celular. e mesmo de outras marcas, já deu pra ver que quanto melhor a qualidade mais rins custam 🤡
enfim, não sei se falei nada com nada também mas é isso HAHAHAHA espero que tua nova aquisição de proporciona novas fotos bonitinhas pra te ajudar a OLHAR pra coisas mesmo passando pelos mesmos lugares sempre 😊