30/07/2025
tudo o que eu li desde fevereiro
28/07/2025
Poderia escrever poesias. Eu era bom nas poesias, eu achava. Poderia escrever contos. Um romance mesmo não tinha muita confiança, mas até tentei algumas vezes – obviamente que não chegando à lugar nenhum, nem nas fics que eu escrevia nos meus próprios blogs. Os fins eram ruins, eu nunca conseguia pensar em um final de verdade. Pessoas serem mortas ou morrerem? Muito básico. Nada acontecer? Eu amo livros que nada acontece, mas será que eu saberia fazer um livro que nada acontece? Em alguns momentos, achei que sim. Que uma coisa de fluxo de consciência, eu definitivamente conseguiria! Mas que fluxo? De que consciência? Eu era adolescente! E mesmo agora, dez anos depois, o que eu sei de relevante? Eu fico irritada quando alguém que claramente não tem nada a dizer tenta dizer algo.
De tempos em tempos eu falo: sim voltarei a escrever, de uma forma correta, sistematizada, tentando, de fato, dizer alguma coisa. Não três rabiscos num caderninho com um lápis de ponta tão grossa, já que nunca lembro de comprar um apontador e talvez seja hora de admitir que não, eu não prefiro apontar meus lapises com estilete, e a letra tão feia já que eu mesma tenho vergonha de algumas coisas que eu tenha a escrever. Também não sei escrever em cadernos. Eu queria. Notas de leituras, estudos, etc. A bem verdade é que não sei, nunca nada é relevante o suficiente ou eu acho que vou lembrar depois. O bom é que esqueço de ter esquecido, então fica tudo certo também.
Esse é um problema meu, e que eu sempre soube que era: vergonha. Não sei se é exatamente vergonha, mas é algo muito próximo. Insegurança, talvez? Eu acho que sim, insegurança. Nunca quero afirmar muito nada, porque pode ser muito pessoal, ou não quero afirmar muito nada porque claramente eu não sei do que estou falando, é uma coisa completamente do mundo das minhas ideias. E se alguém algum dia ler? E se eu morrer atropelada com meu caderninho na mochila e em busca de algum contato descobrirem meu medo de nunca ser amada de forma correspondente ou sobre meus problemas com meu corpo?
Odeio que as pessoas leiam o que eu escrevi, porque também tenho receio que não entendam o que sou eu e o que não é. E o que eu quis omitir de propósito. E que vejam coisas que não foram ditas, mas deveriam ter sido. Toda vez que me vejo na situação de ser lida eu me sinto muito mais vulnerável do que eu gostaria. Na exposição do meu tcc, na vez que levei uma poesia pra sala de aula como trabalho (meio vergonhoso escolher escrever uma poesia como trabalho por si, mas tudo bem), quando alguém disse que leu algo que eu escrevi. Eu tenho medo e vergonha e todo tipo de insegurança possível. Eu deveria ter feito melhor. Sempre.
Então em um momento eu só descobri que eu não seria escritora. Ainda bem. Porque eu gosto de escrever como um momento de pensar, e as coisas não são muito organizadas e não pretendem nada. De quando em quando eu redescubro o prazer de escrever, já que é só por escrever.
Mas ainda, de vez em quando, eu penso que eu poderia escrever um livro. como qualquer outra pessoa que gosta de ler e já em algum momento achou que sabia escrever.
23/07/2025
coisas a se fazer (e talvez a já negação, mostrando que não farei por motivos mínimos)
1. tentar correr um pouco: não quero aumentar a distância das minhas caminhadas mas definitivamente preciso aumentar a intensidade. o lugar que gosto de caminhar tem quatro faces, irei escolher uma para começar. mas eu vou ser bem sincera: não acho que eu vá, de fato, fazer isso. logo vai começar o verão, e o verão na minha cidade, ainda mais nas condições climáticas atuais, é bem intenso. eu odeio suor, minha pele coça, minha pressão cai. então daqui dois meses não vai parecer tranquilo e pouca coisa, vai começar a ser esforço o suficiente a rota que eu faço. e outra coisa muito importante furo nesse: eu ando meio sem músicas para exercício físico nessa cabecinha. precisando desbravar músicas para isso. mas ando meio com preguiça de fone de ouvido, só uso na hora de ir pra academia e na hora de ir fazer minha caminhada, que ai não é o momento de pensar muito sobre a música né?
2. bordar algo: ontem tentei bordar uma estrela, e lembrei que na verdade é uma coisa bem legal, e se você não tá preocupada com o verso da peça, é uma atividade bem intuitiva e que, o pior cenário, é ter que desmanchar. o que é importante ressaltar é que eu queria muito bordado com miçangas, então também tem o fato que preciso comprar miçangas. (isso foi escrito há dias. fui fazer uma roupa de festa junina e não achei muito intuitivo. não foi um bordado, foi fazer um remendo em formato de coração. mas é algo a se estudar.)
3. fazer alguma receita longa que nunca fiz: com frequência lá em casa falam sobre algo que cozinhei na pandemia. lá em casa todo dia saía uma pizza, um bolo, um pão árabe. depois disso, nunca mais peguei para fazer alguma coisa muito demorada, com medidas, com tempo de descanso. e não é como se eu não tivesse tempo... só preciso escolher uma que faça sentido, talvez um doce? não sei.
4. encontrar uma nova rotina que funcione: eu estou há quase um ano com a mesma rotina, e ela estava funcionando. só que parou de funcionar. trabalho - almoço - tiktok - academia - arrumar a casa - banho/lanche - estudo - filme/livro/não fazer nada parecia excelente. aí não era mais. troquei pra colocar uma caminhada no fim da tarde, de fato foi um excelente escolha em qualidade de vida, mas sem tomar banho e não sendo na minha cama, meu estudo rende nada. e não, eu não vou tomar dois banhos, estão onze graus lá fora. então também não está funcionando muito, preciso pensar ainda outra coisa.
atualizações depois que comecei a escrever esse texto e larguei n°2: acho que estou conseguindo encaixar direito as coisas que preciso fazer. o problema, pensando agora, era o frio. ele acaba com qualquer vontade que eu tenha de viver. mas essa semana que passou e essa presente já têm sido muito mais organizadas, com a sensação de que as coisas realmente estão sendo feitas, sono indo bem, exercícios físicos, estudos, trabalho, lazer devidamente bem colocado todos os dias, lavagem de cabelo também tá indo muito bem. o que não tá excelente é alimentação, e ontem, após comer uma quantidade meio absurda de cachorro quente e passar um pouco mal, talvez seja esse meu foco que é parar de comer coisinhas perdidas várias vezes ao dia e voltar pra fazer fazer refeições igual eu sei que é o melhor jeito pro meu corpo. não sei se era bem esse o foco desse tópico, essas pequenas coisas do dia a dia, mas acho que cabe, são essas coisas que formam a rotina, não?)
OBS.: após esse devaneio todo que foi para dois lugares diferentes depois de dias diferentes, como é importante ter esse registro de vários dias, e como a gente só tem percepções diferentes conforme o humor do dia. um dia meio qualquer coisa faz eu questionar a minha vida inteira. aí uns dias bons e tudo já é lindo novamente. eu iria apagar e reescrever e talvez retirar essa questão da rotina, mas talvez até eu terminar essa lista eu já esteja infeliz, de novo, com tudo o que eu tenha feito. e aí eu vou poder ler e ver que, pensando bem, eu só tive uma semana meio bagunçada, mas de modo geral, tá tudo muito bem. isso tudo é muito mais um exercício de pensar nas coisas em dias que eu sinto que talvez não esteja muito acontecendo, racionalizar o que penso que pode ser possível ou não do que realmente fazer uma lista definitiva.
5. costurar algo: acho que vem um pouco da mesma ideia do bordado, a diferença é que definitivamente estarei tendo que ter uma máquina. e pensando se eu pego a máquina grande, já existente, mas que não cabe em muitos lugares no meu quarto, ou compro uma daquelas da shopee de doze pontos. mas eu tava desde o começo do ano querendo fazer uma bolsa. e bordar ela. as vezes é isso. uma bolsinha com meu bordadinho. (reflexão do tempo: a recente experiência da roupa junina, que na verdade foi julina, realmente me disse que eu preciso de um máquina, à mão que não vai ser. quanto a bolsa: achei uma belíssima na shopee. outra coisa: divido quarto e minha irmã achou ruim qualquer baguncinha. o que é bem chato porque tava tudo em cima de uma mesa e o quarto também é meu, mas......)
6. reler lugar feliz: foi, nos últimos tempos, o livro que mais mexeu comigo. tenho vontade reler e chorar o mesmo tanto? mas eu não sei se ele bateria do mesmo jeito. enfim. em algum momento. ele está na prateleira.
7. ler mais, de modo geral: quando eu lembro que amo ler é ótimo. mas também, achar livros ultimamente que eu esteja amando ler está difícil. mas comecei a tirar o kindle da bolsa no trabalho, e quando tenho um tempinho livre, em vez de ir para o celular, estou tentando pegar mais ele. uma excelente troca. acabei de ler em coisa de uma semana querida tia, da Valérie Perrin. eu gosto muito dos livros dela, o jeito que ela constrói a história, mas sempre é DEMAIS. nesse no último minuto ela adiciona uma informação desnecessária, que, pra mim, quebra completamente o clima, simplesmente não faz sentido, sabe? mas fizeram minhas manhãs felizes nessa semana que tava meio devagar o trabalho, principalmente com atividades curtas. mas também não tenho nenhuma meta, nem nada. é só que é um é uma das atividades que mais me conecta comigo mesmo, desde que me entendo por gente. o tempo da leitura é também o tempo de estar ali com o livro olhando para o nada. enfim.
8. me reconectar um pouco com a minha (pouquíssima) espiritualidade: acho que cada um tem a sua ferramenta para acessar seus pensamentos, desejos, frustrações, reclamações, o fundo das coisas humanas que são impalpáveis. eu nunca fui uma pessoa muito crente de nada. esses tempos vi alguém em algum lugar da internet falando que ficou chocada ao descobrir que as pessoas realmente acreditavam nas coisas que estavam sendo feitas na igreja, e não estavam fingindo, igual ela. e eu me sinto um pouco assim desde que me entendo por gente. nunca me senti tocada por religião, nunca nada de, sei lá, simpatia ou coisa do tipo, funcionou comigo, essas coisas. mas também nunca desacreditei de nada, tanto que, de fato, nunca fui longe em nada com um viés mágico, porque vai que, de fato, acontece algo, mas eu, com meu semi ceticismo, não estou devidamente munida das ferramentas para lidar com aquilo... mas o jeito que eu, nos últimos anos, encontrei para me conectar com o que talvez não possa ser pensado no modo normal foi o tarô. mas ultimamente, as minhas tiragens tem sido… mornas. eu não consigo olhar muito e pensar além de palavras chaves e situação legal ou não legal na vida. então precisamos voltar a estudar para além de um ou outro vídeo no tiktok. é. estarei vendo alguns livros (mas isso terei que ver no tiktok algumas sugestões. quais são os bons livros sobre o assunto?)
eu acho que vou parar por aqui, por hora. acho que estou mais indo atrás das justificativas de não fazer do que de jeitos de, de fato, fazer. e também eu já vou começar com aquelas coisas que eu nem quero mesmo fazer, tipo, escrever um livro. fazer um desenho por dia. viajar para um lugar que definitivamente não me cabe financeiramente. achar uma fonte de renda alternativa para fazer essa viagem acontecer. aprender sobre investimentos. deixar a franja crescer. arrumar meu guarda roupa. começar a arrumar a cama ao acordar… ou coisas que eu já meio que faço mas que, no momento, não tá indo muito bem, tipo guardar dinheiro, fazer um curso sobre algo novo, etc.
enfim.
04/07/2025
pensamentos da semana versão estendida além da anotação no bloco de notas
quando as direções da vida mudam, e você tem que colocar as coisas à limpo para os outros entenderem. mas por que os outros deveriam entender? por que deveriam se quer saber? e aí, do nada, a conversa arranha, cheia de ruído, porque tudo foi indo, e indo, e indo, e o ponto inicial de explicar já se passou, não era importante no momento. nem agora.
não é IMPORTANTE, mas toda vez que o assunto passa, de leve, é estranho. não é mais. não tem mais.
são vários pontos, tudo mudou. pouco mudou. nomes, talvez. alguns lugares? omitir as coisas. preguiça de ser honesta, apenas para não ter que me explicar muito. o tempo passou.
***
mas eu não tenho sentimentos ruins, em relação a nada. sinto que isso é um problema, me faz pensar que eu não estou indo fundo nas coisas. eu não vou até o fim, e o caminho da volta é fácil. parece humilhante às vezes; não é um sentimento de superioridade. eu realmente não me importo. mas eu me importo com a minha imagem, externa, é claro que me importo. eu sinto frustação com as coisas que aconteceram e com as que não aconteceram, é claro. mas raiva? raiva não. e talvez eu seja alheia a minha própria vida, talvez eu seja só uma pessoa tranquila. eu realmente não sei.
nada parece ser muito grave, nada parece ser muito intenso. o problema está no começo (e por isso no final não vira nada?) ou o problema está no todo?
ou ainda, não é problema nenhum?
***
resolver o que foi pensando ha muito tempo é muito engraçado; num dia eu poderia jurar que se houvesse uma possiblidade, seria uma nova oportunidade. somos diferentes, mudamos. claro que sim. eu me sinto melhor, eu sei que estou melhor. e você?
mas cai, então, essa ideia. tendo convergido novamente, mostra-se que não.
e no fim, o que foi é exatamente o que era para ter sido. não há parte melhor, momento melhor, pessoa melhor. para mim, que sempre achou que poderia ter sido mais, fico feliz que cheguei nesse lugar. demora um tempo, mas depois faz sentido para sempre, em todas as outras situações.