quando as direções da vida mudam, e você tem que colocar as coisas à limpo para os outros entenderem. mas por que os outros deveriam entender? por que deveriam se quer saber? e aí, do nada, a conversa arranha, cheia de ruído, porque tudo foi indo, e indo, e indo, e o ponto inicial de explicar já se passou, não era importante no momento. nem agora.
não é IMPORTANTE, mas toda vez que o assunto passa, de leve, é estranho. não é mais. não tem mais.
são vários pontos, tudo mudou. pouco mudou. nomes, talvez. alguns lugares? omitir as coisas. preguiça de ser honesta, apenas para não ter que me explicar muito. o tempo passou.
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mas eu não tenho sentimentos ruins, em relação a nada. sinto que isso é um problema, me faz pensar que eu não estou indo fundo nas coisas. eu não vou até o fim, e o caminho da volta é fácil. parece humilhante às vezes; não é um sentimento de superioridade. eu realmente não me importo. mas eu me importo com a minha imagem, externa, é claro que me importo. eu sinto frustação com as coisas que aconteceram e com as que não aconteceram, é claro. mas raiva? raiva não. e talvez eu seja alheia a minha própria vida, talvez eu seja só uma pessoa tranquila. eu realmente não sei.
nada parece ser muito grave, nada parece ser muito intenso. o problema está no começo (e por isso no final não vira nada?) ou o problema está no todo?
ou ainda, não é problema nenhum?
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resolver o que foi pensando ha muito tempo é muito engraçado; num dia eu poderia jurar que se houvesse uma possiblidade, seria uma nova oportunidade. somos diferentes, mudamos. claro que sim. eu me sinto melhor, eu sei que estou melhor. e você?
mas cai, então, essa ideia. tendo convergido novamente, mostra-se que não.
e no fim, o que foi é exatamente o que era para ter sido. não há parte melhor, momento melhor, pessoa melhor. para mim, que sempre achou que poderia ter sido mais, fico feliz que cheguei nesse lugar. demora um tempo, mas depois faz sentido para sempre, em todas as outras situações.