segunda-feira, 13 de junho de 2022

do tempo que escrevi

quando eu era mais nova, escrevia sempre em primeira pessoa. minhas experiências ou qualquer coisa que não era minha mas eu achava que poderia falar. escrevia muito porque me sentia muito perto de nada. gostava da não materialidade de escrever num espaço virtual, escrever em palavras incertas.

ai a coisa cresceu dentro de mim, e me sentia insegura com o que eu escrevia. não era bom. não tocava mais ninguém. não queria escrever em eu, não queria que fosse sobre eu. mas no fim, e discussões todas a parte, é sempre sobre eu. e a partir disso, parece que fui morrendo.

as coisas mudaram, e eu mudei. e minha forma de pensar mudou. então eu não estava mais preocupada com escrever tanto assim. as coisas me atropelaram, e foram indo em outra direção. aprendi a pensar de outra forma, pensar em forma. os pensamentos começaram a se materializar de outra forma, de forma material. eles começaram a se tornarem também menos abstratáveis. frases objetivas, falar as coisas  o que são. em outros meios. para pessoas. eu queria que alguém realmente ouvisse qualquer coisa que eu tivesse pra falar.

e ai que falei muito, e muito, e igual ninguém ouviu nada. nessa jornada das palavras e da procura por posicionar elas bem, achando sempre tudo errado. era tudo errado. será que eu que era errada? a forma de formar as frases, a quantidade de palavras, o tema, nunca satisfeita. e tudo sempre nunca satisfeita comigo, no fim das contas.

se ainda escrevo? não sei. mas continua fiel essa amiga, as palavras.

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