às vezes acho que ocupo muito espaço, que não há lugar pra tudo isso em lugar nenhum. que ninguém está disposto a receber essa carga toda, que ninguém quer o que tenho. aí penso, será que é porque esse espaço todo que eu ocupo é só tralha? nada de útil, apenas uma caixa que junta poeira e qualquer dia desses umas traças, incômoda, atrapalhando o fluir do espaço?
às vezes acho que ocupo muito espaço, mas na verdade, acho que nunca ocupo espaço nenhum. nunca perceptível, apenas implodo por onde passo, e ninguém vê. ninguém nunca vê. acho que então não sou nada, apenas um vazio. mas até o vazio, às vezes, ocupa muito espaço.
sigo sendo qualquer coisa, que não é coisa demais. nem coisa de menos. sendo qualquer coisa, pra qualquer pessoa, com qualquer objetivo. tenho medo de te um objetivo, e então demandar ser algo. não sou nada. nem incômodo, nem vazio, nem coisa demais.
nem nada.
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