sábado, 29 de dezembro de 2018

dois mil e dezoito

não tem momento que eu precise mais sentar e colocar as ideias em ordem do que no fim do ano. não sou de criar metas nem expectativa; sei que eu não vou cumprir -- e se não cumprir, irei ficar me sentindo incapaz e isso foge do meu estilo de vida. mas acho sempre razoável sentar e pensar sobre o que aconteceu nesse tempo. é o meu jeito de colocar o ano em ordem e tentar começar as novas fases com isso tudo refletido.

então vamos lá.

pra começo de tudo eu estava surtada. não sabia se entrava numa faculdade. tava morrendo de medo, na verdade. não tinha plena convicção na minha escolha, e achava que meu desempenho no enemzão não tinha sido satisfatório. porém, agora, devo admitir a todos: eu acredito mais do que devia no meu potencial e eu meio que sabia que ia dar porque é assim que as coisas tendem a ser e eu meio que sabia do meu curso apesar de falar que não. mas eu não gosto dessa coisa de expectativa e nem de admitir coisas que podem dar errado. e lá estou eu, me fodendo num curso que, ok, não era O SONHO DA MINHA VIDA. mas eu também não sabia o que era, então, sinceramente? foda-se.

sobre esse grande passo eu só posso dizer que... é isso. o começo foi horrível. aliás, era eu, uma assutada adolescente de dezessete anos, entrando em coisa de gente grande e rica -- apesar de, onde eu estudo, ser menos por ser mais fácil de entrar, ainda é bem elitizado. eu não sabia desenhar. eu nunca fui pra São Paulo. nunca nem tinha pensado muito profundamente sobre e aí o que é que faz mesmo? todo mundo era mais velho e mais inteligente, e eu, fechada do jeito que naturalmente sou, me sentia no lugar errado. MAS as coisas foram indo e talvez eu tivesse algo a falar sim, aliás, eu estava com a mesma bibliografia que aquela galera e, talvez nunca tivesse ido pro Louvre, mas, afinal, não é sobre isso. e principalmente as minhas pessoas. as minhas pessoas me fizeram fazer daquele sombrio lugar um lugar de discussões e cafés e descansos na sombra. tanto os que conheci por lá e se tornaram quase uma parte de mim, quanto aos fiéis amigos que levo da vida, estiveram aí, falando que ia dar tudo certo, e que se não desse, ok também, faz parte da vida.

claro que houveram choros no banheiro, no ônibus, desencantos com pessoas, maquetes que deram errado e muitas horas de sono que não tiveram. nunca fiz nenhum trabalho extremamente brilhante, e vejo que não sou a que em alguns anos estará em grande destaque no mercado ganhando uns prêmios aí. mas como crescimento pessoal foi incrível. tive incentivo pra expressar eu. e tive pessoas falando que na verdade era bem bom. tive a coragem de escrever uma poesia pra ler na frente da sala toda e colocar um cachecol numa árvore que não era minha sem pedir permissão. mas o principal foi aprender que tudo bem não ser a melhor, nem sempre da pra ser. às vezes ok pegar o pufe da biblioteca e dormir. faz parte. você não é menos ruim por isso.

como esse lado da vida exigiu muito de mim, no começo emocionalmente, e depois questão de ter muito o que fazer, três horas de ônibus por dia, etc etc etc, principalmente se colocando em comparação com o ano passado, me permiti expandir e retrair as relações pessoais. com quem não tava certa, ok, melhor deixar ir. com quem podia dar, ok, custa nada chegar do lado e oferecer um café. com quem estava tudo ótimo, é isso aí, continuemos nesse fluxo. no dia em específico não tô afim das pessoas? permiti estar no meu tempo e no meu humor. e se eu sentir vontade de escrever milhares de poesias apaixonadas por pessoas aleatórias e pessoas não aleatórias? é isso, de vez em quando é preciso.

me mudei mais uma vez. e foi ótimo. não gostava muito de onde morava antes, a energia de lá, a casa meio marrom demais. sentia um sufoco demais. gosto mais daqui. sobre isso, é isso.

li menos do que o normal coisas que queria ler. mas li coisas que realmente queria ler. reli muitas coisas sem aquele sufocante pensamento de bater meta. recomendei livros e aceitei recomendações e também larguei alguns pedaços. difícil, mas consegui.

não sou mais a pessoa que conhece as bandinhas, desculpa universo. sem disposição pra isso e acabo ouvindo karen dalton no ônibus todo dia mesmo. faz parte.

estou deixando o cabelo crescer. o que é difícil, após a afirmação de que acabo ouvindo karen dalton no ônibus todo dia mesmo, mas daí eu não tenho tesoura. tem sido um momento interessante. deixando a franja também crescer -- exercício de auto-controle e de controle emocional extremamente árduos. tenho descobrido uma nova estética minha. estou achando interessante isso. e como isso também me muda. experiências estéticas importam.

vamos falar de stardoll? claro que vamos! mas vamos do jeito certo, que é o livramento. passei dias sem entrar e não aquilo de aí foi ótimo, olha como tem vida lá fora, porque eu nunca deixei de dormir uma horinha a mais ou ir pra uma aula ou outro acontecimento por causa de jogo. mas realmente, causa alguma ânsia a menos. na verdade meu relacionamento com o online todo foi muito diferente. me via saindo muito disso tudo. usando só pra ganhar um aconchego nas pessoas que gosto. essa coisa é muito clichê, estou me sentindo ruim por falar isso. vou parar.

agora vamos falar de outro polêmico assunto que é saúde!!!! vômitos? não muitos. dores de cabeças? muitas. dores no estômago? mediante a comida disponível, alguma. continuo sendo uma pessoa que acha que todo mundo é insensível a conversas longas e detalhadas sobre o que saí do meu estômago sem antes fazer digestão? faz parte.

vou deixar de nota o período eleitoral que foi desgastante e decepcionante, mas foi interessante, mas por ter sido desgastante, será apenas uma nota. me via vendo gente que achava uma coisa falando coisas bem diferentes do que eu achava que ela falaria. me via pensando muito sobre o que eu acho sobre as coisas e se só achar é suficiente. me via saindo das rede sociais porque precisava respirar. foi, tenho certeza, para muitos, um momento de muita reflexão sobre a gente e sobre a gente que a gente conhece. foi interessante.

em balanço, foi um ano muito bom, sim. novas coisas, muitas coisas novas. novas perspectivas. novos pensamentos. não tão nova eduarda, mas, sim, diferente. agora ela pega papel e fala mmmm a gramatura desse papel. uma eduarda pior? melhor? esse tipo de coisa nem existe.

eu tinha mais coisa pra escrever mas fui esquecendo. então é isso. ano novo. levando as coisas do velho. hora de estourar a la farruca e brindar. viva.

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

abrir a página em branco e escrever qualquer coisa. não pode ser objetivo demais; há quem leia e há quem possa descobrir sobre o que é. mas abrir a página em branco e escrever qualquer coisa que se permita sentir de forma mais abstrata. esse é o processo dos sentimentos: racionalizar em questões lógicas em números em conhecimento abstrato.

exprimir extrair comprimir existir fazer sumir
o vazio
que é tão gritante
e todas essas comparações
que já foram feitas antes

estruturas

queria
podia
e se
nunca varia

é,
seguido
de poderia ser,
nunca é

queria
poesia
e se
nunca podia

é,
seguido
de poesia
ser.

sábado, 10 de novembro de 2018

o espaço é onde a gente vive
a maioria do espaço não é nosso
a maioria do espaço é de alguém

não sempre se pode ocupar o espaço
mas é nesse espaço que a gente vive
e a gente precisa ocupar a vida
pra não sobrar muitos espaços

do que o espaço é feito
não muito importa
o espaço é lembrado por o que lá é feito

e a gente ocupa o espaço
com mais espaço pra gente estar
mas a maior parte do espaço não é da gente
e por isso se faz necessário ocupar

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

queria que Paraná
fosse agora
um estado
de espírito

distante

vaga lembrança
saudosismo
havia estado

queria agora

estar distante
em alguma lembrança
longe daqui
das coisas que dizem incomodar
meu eterno pessimismo
que é melhor parar
acho que ele me dá sustento

não é como se eu merecesse boas coisas

elas não acontecem comigo,
por mais que eu tente.

meu eterno pessimismo vem de viver

de saber que nada nunca é pra mim
e mesmo assim
continuar

sábado, 27 de outubro de 2018

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

hematomas do céu
são belos
do azul para o roxo para
o amarelo para o rosa para
o vermelho para a escuridão
e então
brancos pingados
ardendo
e estando longe

- nem sei se chamo de metáfora
x

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

a sensação de cura
sem doença
a sensação pura
de liderança

tardes de chuva
cheiro de açúcar
cozinhando lentamente
silêncio

mas os triângulos
eles não acabam
mesmo e apesar
da sensação de cura.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

enquanto respiro fundo

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

terça-feira, 25 de setembro de 2018

infinitivizar

esqueci lá na sala  meu celular
alguém canta no chuveiro para incomodar
queria que a vida fosse engraçadinha e fácil como rimar
numa poesia cheia de verbos no infinitivo,                            infinitivizar.

sempre três

números romanos
palavras em espanhol
triângulos

números romanos
palavras em espanhol
triângulos

números romanos
iguais,
palavras em espanhol,
nem todas (a maioria não dita),
e triângulos,
meus pensamentos triangulares.

triangulação

I
triângulos contínuos
que terminam em
paralelepípedo.

II
constelação de dentes
e bandeiras festivas;
também (h)a vida
peixe, gatos e corpo humano
longínquos

constelações

III (transformação da forma)
eu gosto de fazer caixas
em volta de coisas não feitas
para elas parecerem feitas
ou no mínimo [importantes]

sábado, 8 de setembro de 2018

e a vida tem sido uma confusão

eu deixei pessoas pra trás. me sinto levemente mal quando digo isso; abandonar pessoas é sempre ruim, dizem os outros. não acho, agora que fiz isso. acho muito bom, quando estar com alguém é cansativo e te esgota. eu sou talvez uma filha da puta, sim, mas eu me acostumei com quem eu sou.
falar que abandonei, assim, parece que é. mas não é bem assim. amizades não morrem do nada. é muito difícil que isso aconteça -- pelo menos quando se é eu, porque eu agarro as minhas pessoas, porque minha vida depende disso. uma amizade vai morrendo aos poucos, conforme a gente vai passando, vai vivendo, vai vivenciando. talvez seja frio de minha parte dizer que amizades acontecem durante o interesse, quando não há necessidade, elas acabam. ninguém se segura em ninguém sem precisar. e isso foi algo que eu aprendi. e agora não me dói mais. talvez seja mais uma parte do meu processo de me tornar uma grande filha da puta, mas eu estou bem comigo mesma. nunca estive melhor, se você for me perguntar.

porque essa é outra coisa que tenho pensando. eu sempre estarei melhor. e se só se for pra ser melhor. agora é agora. desespero e pânico? mas agora. e é isso aí. é sempre isso aí. não há o que fazer, e se agora não está certo, uma hora estará. sempre algo não estará e algo estará. e eu sempre estarei, então é melhor fazer o melhor disso.

e fazer o melhor disso é o que tenho feito.
andando esses dias discutindo sobre como eu poderia estar fazendo a coisa errada eu sabia que eu estava mentindo o tempo todo. eu sabia onde eu estaria hoje um ano atrás. só era pra mim muito difícil admitir o que eu queria. aliás, eu estou sempre errada em algum lugar. não queria estar sobre mim mesma. e eu não estava. eu estava muito correta e eu sempre soube.

eu já posso parar de mentira pra mim e para os outros.

domingo, 19 de agosto de 2018

vou fingir que não teve tempo nenhum

simplesmente deixei o que tinha me proposto fazer de lado. não há tempo para blá blá blá: tenho dito em voz alta que acho que me encontrei; tenho escutado em voz alta que os outros me encontraram. mas ainda tenho sentido falta de me achar.

me propus reclamar menos, ser mais gentil, ligar mais para o que os outros acham sobre algo, tentar de verdade falar com pessoa - não surtar,não entrar em pânico, são apenas pessoas, não precisa chorar - e me achar; relei o o guia, tento tricô. aliás, se achar é olhar pra dentro, para o que já há, ou olhar para fora e descobrir o que falta? na dúvida, tento os dois.

a calma me consome porque um começo deu certo. o desespero me domina porque depois do começo ter dado certo tem tudo o resto. mas assim vamos. vivendo, aprendendo, e entrando em pânico. principalmente entrando em pânico.

empadas ruins, conversas aleatórias, piadas ruins, leituras aleatórias, dias ruins, pessoas aleatórias, coisas aleatórias, vivendo, vivendo, vivendo, vivendo...... sendo melhor em ser eu mesma e tudo de novo.

sábado, 30 de junho de 2018

Focar em coisas que preciso mesmo fazer é muito difícil. Quando eu acho que consegui, enfim, sentar e fazer algo, algo além aparece. Foco é uma questão de querer, sei bem. Não é algo mágico, e ler livros que não entendo não é algo que prefiro acima de outras questões, mas eu preciso, e preciso entender que não existe mágica quanto a isso. E não, não é a vida de Zaphod que achava.

Escrever todo dia já se tornou difícil no terceiro dia; simplesmente não tenho o que escrever, e essa de sair escrevendo qualquer coisa que me passa pela cabeça só por escrever me parece um pouco bobo. Talvez eu devesse voltar a tentar escrever narrativas. Talvez até narrativas sobre os assuntos que escrevo por escrever.

É isso aí.
Não sei o que eu tô tentando fazer mas eu tô tentando fazer algo,
mesmo que não seja o algo que eu deveria estar fazendo de fato.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

exercício diário

todo dia colocar alguma coisa pra fora não é fácil. menos fácil ainda é quando você guarda tudo tão profundamente. cada lugar com um pedaço de informação, mas nunca seguro com ninguém. nunca inteiro. isso me sufoca. as vezes queria que alguém soubesse tudo; mas na verdade são coisas tão bobinhas e pequenas, e apesar de me incomodarem, simplesmente é mais fácil colocar isso no fundo e tentar resolver sozinha.
é difícil falar sobre mim quando estou um pouco perdida; quem me vê não vê isso. e eu pareço sempre em perfeita harmonia. e é exagero dizer quando não estou, quando estou surtada e desamparada; simplesmente não pode acontecer.

mas eu estou. estou tanto que estou procurando de novo o que me mantinha um tempo atrás. não sei mais fazer isso; é questão de prática. tudo soa simplório, mas tudo bem. uma hora eu pego minha confiança, que nunca foi consolidada, e consigo, novamente, fazer isso. é um exercício diário. será um exercício diário.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

28/06

último registro/pedido desse dia que me senti tão estranha: vão se foder
muito obrigada
tenham uma boa noite
porque eu não tenho certeza de que terei
que momento de crise
que me afirmo
que me digo que vai ficar tudo bem
como não vi isso antes,
não é só falar que vai ficar tudo bem?
vai ficar tudo bem
e repito que vai ficar tudo bem
pra me convencer
a fazer
algo
para
ficar tudo bem

Eu nem sei mais como fazer isso.
Escrever, em teoria, é igual andar. É coloca um pé na frente do outro, palavra palavra palavra. Na prática, levam-se anos pra aprender. E é todo dia ali. Até que um tempo sem e colocar uma palavra depois de outra é tão difícil que nada saí.

O medo da página em branco é sempre tão real, e as regras de como fazer isso soar bom sem ser forçado ou errado são borrões na mente. Como eu um dia achei que soubesse fazer isso? Como um dia achei que simplesmente falar e falar sobre nada fosse uma boa ideia - e pior, falar pra ninguém ouvir -?

Quero voltar a saber fazer isso. A ter confiança de como as coisas simples são, mediante uma boa apresentação, importantíssimas, isso sim.

Aqui encontro minha essência. E enquanto me acho, principalmente de forma exterior, me deterioro no introspecto. Esse exercício de existir em equilíbrio consigo; preciso me reencontrar nisso; agora não mais escuro e janelas fechadas, e xícaras e xícaras de café doce e gelado. Agora quero luz, um ambiente arejado e café quentinho e amargo que me levantam. Mas preciso saber onde estou comigo mesma. E isso não tem nada a ver com os outros, como gosto de fingir que tem.

Eu não sei mais como fazer isso, e tenho vivido em uma realidade em que não preciso. Mas eu preciso. Eu sei que preciso. Como mais poderia respirar e sangrar se não assim?

Então, me declaro responsável por fugir das minhas necessidades e me sentir sozinha e alheia e confusa, quando estou correndo longe, e por preguiça, de coisas que são, essencialmente, essências. Me culpo de minha isolação. E prometo, como já tenho prometido, ser melhor em ser eu mesma.
A vida tem sido boa. Tenho tido o que fazer, e tenho feito de uma forma boa (o suficiente). Tenho estado ocupada e tenho estado inteirada. Embora nem sempre sinta isso. Embora quase nunca sinta isso.
Sei o quanto disso é apena imaturidade: é ridículo esperar maior atenção de pessoas que não são minhas - nunca foram, nunca serão; elas têm mais. Sei também o quanto isso tudo é aquilo tudo que eu não coloco pra fora por escolha e por medo de parecer frágil.
Mas sim, a vida tem sido boa. Tenho me sentido mais eu. Tenho aprendido a me expressar. Tenho entrado em pânico, sim. Viver (, aprender,) e entrar em pânico. Mas faz parte.
As pessoas ainda são meu maior problema: o quanto elas agem de formas que me machucam sem elas nem perceberem; o jeito como as pessoas que eu queria muito que estivessem perto estão longe; o jeito como as pessoas que eu gostariam que estivessem ali simplesmente não estão em lugar nenhum.
As pessoas serão para sempre meu maior problema, e não há nada que eu possa fazer a respeito disso. Sempre haverão pessoas. É melhor aprender lidar com elas - ou viver nesse eterno sentimento de deslocamento, mesmo quando inclusa.

Mas a vida tem sido boa, e em tons de vermelho, e com árvores e vento. Os dias tem sido bons, têm durado uma vida inteira, voando voando voando até que já seja sexta de novo. E as coisas têm sido como elas têm que ser, e estão corretas, desde que eu tente ao máximo ser também.





Mas, ainda, há algo, bem no fundo, que eu acho que eu sei o que é, que fica me incomodando

                                       mas não muda que a vida tem sido boa.

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Compreender as pessoas é um passo essencial para descobrir sua essência, de fato. O problema de compreender as pessoas, após, é claro, você descobrir que ela não é exatamente o que aparenta, e sim um ser profundo, que tem uma alma, medos e anseios, é descobrir que ela é exatamente o que parecia ser.

É aprofundando nas pessoas que elas ficam cada vez mais rasas, e todo o repertório delas acaba, e então elas são exatamente o que se espera que elas sejam. é nesse momento que pessoas deixam de ser legais. É também nesse momento que a gente descobre quem são as pessoas que são de fato essenciais, apesar de serem o que são.

Todo mundo é, inegavelmente, legal, e conexo.
Todo mundo é, inevitavelmente, odioso.
Achar os seus é inevitável. Perder-se deles também.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

mais uma vez
e parece que dessa
é muito sério
essas coisas surgem
apenas e apenas
para uma pessoa ver

como me relaciono com pessoas que (quase) não conheço

é no mínimo desagradável o que eu faço comigo em relação aos outros
então eu penso que elas podem ser algo
ou eu penso que eu posso tirá-las
e que a força de meu pensamento (e querer)
vai fazer isso acontecer
mas a realidade é que eu só sofro por situações que não existem

sexta-feira, 16 de março de 2018

a minha certeza de fracasso as vezes se abala pelo incentivo dos outros
e depois se afirma em olhares aos outros,
tão certos de sucesso
não entender o que acontece é tão recorrente comigo mas assumir o controle mesmo assim
fingir estar no controle e fingir desentender tudo
levantar com certeza mas derrubar tudo
encarar a mim, e com a certeza dos outros, como o ser inocente que sou

e as pessoas elas se perdem mas eu não quero que elas se perdam
se elas se afastam eu deixo elas irem e de longe eu vejo onde estão
se elas querem ficar eu deixo elas saberem exatamente onde estou se elas quiserem
uma coisa se completa na outra, e assim completo-me também
eu mudei de uma pra outra
enquanto um conflito exigia de mim ambas
e no fim eu só quero chegar em casa
e não ser nada

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

parando de ser subjetiva e indo pelos caminhos mais simples da minha mente
exprimindo exatamente o que eu quero dizer sem enfeitar ou amenizar
o que eu quero mesmo
e há muito
e sem tirar nem por
é que você vá se foder

- vocês, na verdade