30/08/2025

opiniões sobre as leituras de agosto

no final de julho aconteceu aquele evento na minha vida que acontece a cada pouco: lembrar que sei ler e que na verdade eu adoro ler. e aí fui lendo um livro atrás do outro (e uns livros até grandes…), e assim, terminei pachinko e já emendei atmosfera, da taylor jenkins reid. e vamos começar falando dele.


assim que comecei a ler este eu lembrei tudo o que eu odiava na escrita dessa autora. eu já gostei dos livros dela uns anos atrás e li todos: odiei metade, gostei muito de dois, e por aí vai. mas nunca foi muito constante na minha opinião, porque os livros têm uma escrita que flui bem (mas eu, enfim, cheguei na conclusão óbvia que um livro fluir bem não quer dizer que ele seja bom), porém sempre tinha alguma coisa que me incomodava. o tiktok me convenceu a ler algo dela mais uma vez, já que todo mundo estava amando e falando que esse era o melhor livro da escritora até agora, e sabendo que são livros fáceis, e eu querendo ler uma coisinha mais tranquila, fiz essa escolha. e é, de fato, fácil de ler, o que pude comprovar porque tive o maior tempo de leitura no trabalho, que é uma leitura que é interrompida com frequência, então precisa ser fácil, e foi. mas não me importo muito com nada que aconteceu ali. e além de eu não me importar com nada, o livro tem um moralismo, que é o comum dessa autora... e assim, quebrou tabus. teria sido ótimo em 2016, talvez. em conclusão, não acho que eu vá ler os próximos livros dela.


aí, seguimos com as sugestões do tiktok, e aqui eu aproveito para dizer que tem mais dessas, já que adoro um conteúdo de livros e teve muita gente fazendo listas de meio de ano falando o que mais gostou de ler até agora, então acabei pegando alguns títulos para ler, já que coloquei na cabeça que iria parar de tirar print dos livros e deixar lá esquecidos, em vez disso, já ir colocando eles no kindle, que uma hora seria a hora deles. e, de fato, dessa forma tenho lido eles. então eu li boulder, da eva baltasar. vi umas duas pessoas falando que leram e amaram, um livro poético e tal. mas mais uma vez, eu não poderia me importar menos com ela ou com o que acontece com ela. uma coisa de deixar a vida ir levando, nunca ser muito responsável pelas suas coisas, que não me convenceu. a escrita poética? para mim foi um não. mais um livro rápido de ler, e esse é bem curtinho, então dá para ler em um dia numa boa, mas ainda assim conseguiu me entediar. se fosse um conto de trinta páginas talvez eu tivesse gostado.


o último desses do tiktok: como arruinar um casamento, alison espach. esse já valeu muito a pena, que livro interessante. a leitura é super rápida e gostosa, mas cheia de bons pensamentos. é basicamnete a história de uma mulher que vai para um hotel se matar após sentir que ela meio que fracassou em tudo o que ela se propôs a fazer na vida, mas chegando lá, está tendo um super casamento, uma festa de vários dias. e nesse tempo ela desiste de se matar, e começa a fazer parte do casamento, se aproximando muito da noiva, que é uma pessoa jovem e meio perdida nos seus interesses de vida também. como ela não tem nada a perder, e nada a esconder e nada com nada no casamento, ela pensa sobre absolutamente tudo o que fez – e na maioria, o que não fez – na vida por causa do tipo de pessoa que ela queria, ou achava que deveria, ser. por essa distância com a vida dela, ela consegue ir ouvindo um pouco o que todo mundo tem a dizer sobre o casamento, e ir entendo o lado de todo mundo de tudo o que está errado naquela situação, que de fora, parece tão linda e ideal. até porque não é surpresa que o casamento não acontece. pelo título, né. (eu gosto muito mais do título original, que seria algo como as pessoas do casamento, que não deixa tanta certeza que o casamento não vai acontecer; é claro que poderia o título falar do casamento dela, mas essa é a última interpretação a se ter, vamos ser sinceros. o título brasileiro coloca o livro em outro lugar, como o casamento em primeiro foco, o título original fala do que ele fala: das pessoas do casamento. enfim, preferiria mil vezes uma tradução mais literal)


o tópico de como é fácil cair na nossa rotina, nas ilusões do que vai ser e do que já foi, e ir levando essa vida cada vez mais longe até um momento que ela não faz sentido nenhum para você, e para as demais pessoas do arredor. tenho muito pensando qual o limite do tédio saudável. se, no momento, eu vivo num momento de tédio saudável, movida pela esperança de um futuro melhor saudável, ou se já estou na situação de acomodação. de estar fazendo coisas que não acredito mais (tipo a tese dela ou o próprio casamento) só porque parece que eu tenho que fazer elas, e porque eu já coloquei muito tempo ou esforço naquilo. até onde a gente leva escolhas que estamos em dúvida só porque ou é tarde ou parece certo? e quando é o tarde? e quando as coisas são assim porque elas são de menos, por tentar menos, por se permitir menos por esperar menos? 


no livro, a criação dessa pequena bolha onde os problemas são meio fúteis, como carros vintages, mas também completamente aceitáveis e reais no mundo do casamento, cria esse outro ambiente onde ela pode não se importar com nada, e ter outra perspectiva de si mesma, porque o foco todo são os outros, e ela de nada tem a ver com isso. dentro do nosso cotidiano, da convivência sempre com as mesmas pessoas, inclusive algumas que subjugam tudo o que é feito, estando a pessoa, dentro dessa realidade, num momento ou lugar inferior a esses parâmetros, nos esquecemos do que queremos, do que podemos ser, adentrando uma realidade outra, que, então, se torna a nossa. não é permitido ser muito além do que se é, querer muito além do que já se tem, porque isso gera questionamentos das outras pessoas, que podem ser desconfortáveis (aqui já trago uma coisa da jane eyre, que uma hora ela vai fazer uma coisinha e fala que foi fácil fazer porque ninguém perguntou sobre. e meio que é isso, sabe). apesar de eu mesma ser uma grande fã de rotinas, eu também odeio. eu preciso do equilíbrio. ou aquilo já falado: o tédio se torna tão confortável que já não te leva a nada, não de um jeito agradável, mas sim, paralisante.


uma última consideração quanto a esse livro é que eu percebi que tem muitos livros que já li e não lembro. ela faz várias menções a mrs dalloway, e, vou falar, eu sei que li porque tenho ele na minha estante. mas eu não lembrava do que era. ontem fui pegá-lo para dar uma olhadinha e tentar lembrar. talvez eu devesse reler. mais engraçado ainda é que esses dias eu me surpreendi porque abri na amazon um livro e estava lá que ele já havia sido comprado. eu não lembrava nem de ter lido ele inteiro, imagina físico, na minha casa, na minha estante! mas ele estava ali, e, mais um vez, fui dar uma folheadinha para lembrar. quanta coisa eu já não li desatenta nessa vida. e que privilégio ter o livro físico para relembrar.


pego o gancho dos livros do livro para falar que a próxima leitura foi exatamente porque fala muito nesse livro, jane eyre. eu fiz uma anotação sobre ele:


que livro chato


mas não é bem assim. mas também é um livro longo, então ele tem tempo de ser chato e bom, de formas alternadas, em momentos diferentes. e ele é bom. em alguns momentos eu não conseguia parar de ler. mas ele também é chato, então em outros momentos eu não conseguia ler muito. mas foi uma leitura que, no fim, me agradou bastante. eu odeio todos os homens desse livro, acho ela uma coitada no final voltando para o ex, que foi a primeira pessoa que ela pensou na vida… ela que queria ver tanto da vida, sentia tanto tédio de uma existência plana e linear, indo parar num cuzinho de mundo com três pessoas ao redor. merecia mais. conheceu dois homens na vida, meu amor? aquele primo um insuportável tentando colocar na cabeça dela que ela querer viver uma vida normal era o caminho para o inferno? queria socar ele toda vez que ele aparecia. mas é isso, não que eu precise falar que é um livro bom, mas é. às vezes meio maçante, mas… é bom.


por último nesse mês eu li ou-ou, de elif batuman. eu amo como toda experiência dela é a mesma vivida por mim como uma pessoa quando entrei na faculdade. pelo menos até metade desse segundo livro. é lindo como muitas pessoas são na verdade uma só, vivemos sempre as mesmas coisas, com pequenas mudanças no desenrolar das coisas. eu também faria a matéria de literatura sobre acaso, e levaria como um sinal. eu também me apaixonaria pela ideia de um livro falando sobre a vida estética. definitivamente eu vivo uma vida estética. mesmo quando a vida dela dá um rápida mudada eu entendo o porquê: ela quer viver coisas, experiências. mas eu vou ser sincera, eu acho que a parte em que ela viaja é um pouco... desconfortável? como ela caí tantas vezes em situações de assédio simplesmente? talvez tenha sido um pouco gratuito da parte da autora colocar tantas situações como aquelas e como ela simplesmente cede, estando numa situação completamente fora do controle e do conhecido. tudo pela história? é tudo narrado com um jeito meio desinteressando que é isso que passa, não muito que na situação ela estivesse aterrorizada ou algo assim, embora eu tenha ficado ansiosa.

preciso dizer que tenho muitas coisas a serem ditas sobre esse livro, mas eu admito que enquanto termino de escrever eu estou com um pouco de preguiça eu tenho algumas anotações, mas não sei exatamente como e se vou desenvolver elas muito bem. também já deixo dito que essa parte sobre esse livro não estará passando por nenhuma revisão: se nenhum erro ou ideia desconexa for identificada numa rápida passada de olhos, então ela ficará por aqui mesmo.

em algum momento ela começa a refletir sobre como ela não é uma escritora. fiz isso já, inclusive escrevi alguma coisa sobre isso por aqui também, ela percebe que só ter uma história, uma ideia boa, ou anotações não é criar um romance.

Foi só no ensino médio, quando tive as primeiras aulas de escrita criativa, que comecei a ter uma ideia do problema. Percebi, chocada, que eu não era boa em escrita criativa. Eu era boa em gramática e argumentação, lembrava do que as pessoas diziam e sabia fazer graça em situações estressantes. Mas não eram essas as habilidades de que você precisava para criar pessoas curiosas e delinear arcos de desejo. Já me dava muito muito trabalho escrever sobre gente que eu de fato conhecia e tudo que elas diziam. Era para isso, aliás, que eu precisava da escrita. Agora eu tinha de inventar pessoas extras e pensar em coisas que elas poderiam dizer?

Descobri então que escrever sobre o que você já vinha pensando não era criativo, nem sequer era escrita. Era "olhar para o próprio umbigo".

(trecho do livro. não sei a página, li pelo kindle) 


eu pensei muito sobre o que eu faço desde sempre, e ela chega mais ou menos na mesma conclusão que cheguei esses tempos. e é exatamente isso. embora ela coloque um pouco da questão do valor dessa escrita de si, sem objetivo de, de fato, ser algo, ela na verdade é muito valiosa. eu acho, pelo menos.

uma coisa que gosto nos livros dessa autora é essa coisa de que sempre terá uma referência a ser procurada, um livro a ser lembrado, uma ideia que pode ser que você não conheça e seja interessante conhecer. as questões teóricas de estética apresentadas, eu gostei de conhecer. eu tive aula de filosofia estética, que o enfoque era pra ser em arquitetura, já que eu curse arquitetura e urbanismo. mas essa matéria foi pouquíssimo aproveitada por mim pois foi 1. na pandemia 2. num dia que tinha matéria de ateliê de grande carga horária e 3. com uma professora que não era das pessoas mais queridas do mundo, que eu tinha três matérias e eu não aguentava mais ouvir a voz dela. não me orgulho de dizer que a maioria das aulas ou foram assistidas no mudo ou com uma tacinha de vinho em mãos para ver se eu conseguia chegar até o fim com alguma sanidade mental. talvez eu devesse, hoje, por conta, estudar essa questão mais profundamente (se alguém tiver alguma recomendação de curso ou livros...). 

e nessa de ela sempre referenciar muitas coisas, aconteceu, mais uma vez, um caso de livro lido mas que eu não lembro de nada. um artista do mundo flutuante. a diferença entre esse e os já citados é que esse eu não tenho físico, então realmente não faço ideia do que se passa nele e não consegui dar uma olhadinha rápida pra ver se descobria, vou ter que procurar alguma resenha ou coisas assim. e talvez seja o caso de olhar a lista de todos os livros lidos e tentar ver o que eu NÃO LEMBRO. não é caso de não gostei e por isso não me apeguei aos detalhes, ou li e não lembro nome de personagens, ou algumas coisas que aconteceram. é caso de eu não lembro que li o livro. nesse caso, fui olhar no skoob e descobri que ele foi lido fevereiro de 2019: infelizmente o coitado foi entre livros da série napolitana da elena ferrante. é. difícil competir pela atenção desses.

no final do livro, após a primeira etapa da viagem dela, indo para a segunda parte, ela tem esse vislumbre de que é isso. de como as coisas devem ser para fazer sentido.

Então era isso que era um romance? Um plano em que se podia finalmente justapor todas essas pessoas diferentes, lhes servir de mediadora e pesar seus pontos de vista?

eu ultimamente tenho tentado também que as coisas puxem outras, sem deixar de serem o que elas são. no plano da escrita, digo. às vezes a gente se perde no pensamento, na reflexão, na ideia que é puxada de algum lugar e parece coesa com a situação, e depois é necessário voltar para aquele outro lugar. isso é treino e observação. eu faço mal. espero que ela faça melhor.

e por último: ivan. selin vai deixando a ideia de ivan se diluir na vivência dela; conforme ela vai tendo outras experiências românticas e sexuais (como se tivesse tido algo com o ivan, mas não) e juntando algumas reflexões que ela tem ela percebe como a situação foi só uma coisa esquisita, mas normal, dentro das relações pessoais. ela percebe que ela não é esquisita e imune às interações tradicionais das pessoas, tanto de gênero como desejo sexual. e é isso. 

eu queria ter lido esse livro quando eu tinha dezessete anos e passando por isso tudo.

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